quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Contadores de histórias

Há alguns anos, me foi encomendada uma história para ser lida no "A hora do conto", que é uma atividade realizada em algumas escolas e creches, onde são feitas leituras de pequenos contos para crianças, visando despertar nestas, o interesse pela leitura e pelo encanto.

Mas percebí que preferia falar sobre o efeito mágico que a símples atenção dedicada aos pequenínos trazia.

Apaixonado pela metalinguagem - onde conto e contador se misturam - ví esta pequena fábula praticamente se escrever sozinha!

Espero que ao ler, você se sinta tão feliz quanto eu fiquei ao escrever.

- Luz, força e encanto para todos!

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“Com mais um passo ele estava em um vale cheio de folhagens e podia ouvir o borbulhar da água correndo e cantando em um pequeno riacho.
Ele ouviu algo sob o borbulhar do riacho: parecia alguém soluçando e engolindo. O som de alguém que estava tentando não chorar.
– Olá? ele disse
O soluço parou, como se assim se escondesse. Mas Tristan tinha certeza que estava vendo uma luz sob a aveleira. Por isto, foi andando em sua direção.” ...


Ela aproveita a pausa para olhar o menino.
O garoto tem a respiração profunda. Adormecera tranqüilo.
Ela sorri e fecha o livro.
Algumas vezes, ela lê a história até o final, mesmo que o menino tenha adormecido, pelo simples prazer de contar.
Mas não hoje.
O moleque brincou em ritmo frenético o dia inteiro, e o conjunto formado pelos pulos, corridas, escorregões, gritos, sorrisos e perguntas incessantes o haviam deixado cansado, e a ela, exausta!
Seu coração se aquece ao olhar para o menino que significa tudo para ela.
Então lhe dá um beijo sussurrando com voz morna de mãe “que os anjos guardem teu sono!”, e silenciosamente sai do quarto, se perguntando se o menino estaria correndo pelo bosque da história.

Não estava.

Em seu sonho, o menino brincava em uma tarde muito brilhante e ensolarada, quando ouve a corneta do vendedor de doces e sorvetes.
O carrinho é colorido, e o garoto descobre que tem todos, todos, todos, os sabores que ele tanto gosta!
Então o vendedor, com um sinal lhe oferece um doce, e o garoto procura a mãe com o olhar.
Quando a encontra, vê que ela lhe acena que sim, pode pegar todos os doces que quiser.
O menino então corre para o carrinho. Porém quando chega, o vendedor se afasta um pouco, levando o carro consigo.
O menino tenta alcança-lo, mas o vendedor se afasta novamente. E assim se mantém fugindo do garoto.
“Tio, porque o senhor está correndo de mim? Eu só quero um doce...”
“Não” - diz o vendedor.
“Mas porque?” - indaga novamente o menino com a voz triste.
“Porque se eu não tenho, ninguém terá” – diz o vendedor, agora um velho.


E em sua cama, o menino se agita em um sono difícil.

..........

- Durma bem! - ela diz
Beija a testa da menina, apaga a luz e fecha a porta do quarto.
A menina pensa na história que acabara de ouvir, e se imagina como a princesa dos cabelos “vermelhos como fogo” que vive nos castelo.
E apesar de não saber exatamente o que seja namorar, imagina que seja - pela forma como dizem os adultos - muito bom!
Ela se pergunta se um diria verá um príncipe moreno e forte, com voz grave e gestos firmes que sua mãe descreveu (embora não tenha entendido o que ela quis dizer com “do tipo que não vai embora logo de manhã cedo”).
Então seus pensamentos se misturam, seus olhos ficam pesados e ela adormece.

Em seu sonho, vê seus amiguinhos da escolinha, e os convida para brincar.
Mas um a um, sacodem a cabeça e vão embora.
“Esperem! Não vão embora! Vamos brincar...”
“Ninguém vai brincar com você” – diz um menino atrás dela.
“Porque?” Ela pergunta, virando-se para ele.
“Porque se eu não tenho amigos, ninguém terá” diz o menino, agora um velho.

Em sua cama, a menina não se agita, mas um olhar mais atento perceberia sua expressão contrariada.


..........



Todos os dias após o almoço, ela reúne os pequeninos da escolinha, para lhes contar uma historinha, antes do ‘sonínho da tarde”.
A administração da escola chama de “a hora do conto”, mas para esta moça, é muito mais que uma atividade curricular.
Esta é na verdade, a hora do dia que ela mais gosta, pois é quando pode ver o brilho naqueles olhinhos atentos.
O momento em que se sente realizada, porque sabe que as crianças realmente gostam dela. Não por sua beleza, ou por algo que possa dar, e sim porque por alguns minutos, ela os leva a lugares mágicos, com criaturas fantásticas e heróis incríveis.

Pacientemente, ela coloca todos sentadinhos em seus colchonetes espalhados pelo chão.
Respira fundo, para atrair sua atenção e começa mais uma história:

“Era uma vez...”

E enquanto conta a história, seu olhar percorre a sala, feliz pelo encanto que percebe nas crianças.
“E vocês sabem o que aconteceu?” Ela pergunta bem baixinho.
Todas as cabecinhas acenam que não, algumas de boca aberta, presas pelo suspense.
“Eu vou contar! Mas preciso que todos deitem e fechem os olhos” – e sussurra – “ Porque é segredo!”
E todos deitam e fecham os olhos.
Ela então fala sobre fadas e duendes, reinos encantados e príncipes valentes. Sobre castelos e princesas, promessas e desejos. E uma a uma, as crianças adormecem.
E conta sua história até o fim, pois acredita que alguns, mesmo dormindo, continuam ouvindo.
E ao terminar, talvez contagiada pelo sono dos pequenos, deita em um colchonete e adormece.

Abre os olhos e vê todos ainda dormindo. Então de alguma forma, percebe que também está dormindo. E que está sonhando.
No sonho vê alguém, talvez um velho, com uma espécie de casaco escuro, retirando os livros coloridos das estantes, e os colocando em um saco de pano, muito velho e sujo.
Ela caminha devagar até ele, tentando não acordar as crianças, e bem baixinho, lhe pergunta:
“O que está fazendo?”
Agora definitivamente um velho, ele vira surpreso, quase assustado, para ela, e a observa por um segundo.
Então recomeça a guardar os livros no saco realmente muito velho e sujo.
“Eu perguntei o que está fazendo!” ela diz em tom firme, porém suave.
O velho se detém por um instante, então retoma sua tarefa, apenas murmurando:
“Nada”
“Para onde está levando os livros?”
“Embora”
“Mas são os livros de historias das crianças!” – ela diz.
“Então não haverão mais histórias” e acrescenta: “Bom”
Ela tenta organizar um pensamento, sentindo-se boba por tentar argumentar em um sonho. Por fim diz:
“As histórias não estão apenas nos livros. Mas porque você quer os levar embora?”
Pouco dando atenção para a moça, o velho responde:
“Porque se eu não tenho histórias, então ninguém terá”
O velho é pequeno e parece fraco. Ela poderia impedi-lo, usando de força, se preciso, mas sente que este não é o caminho certo. Além do que, ele lhe parece triste e sozinho.
Por fim, pergunta:
“E porque você não tem?”
O velho não responde.
“Fale!” Ela diz com firmeza.
O velho parece se assustar com a firmeza da voz dela, e de forma quase inaudível, diz:
“Porque ninguém as conta para mim”.
Seu olhar é triste e vazio, e ela percebe que conhece este olhar. Lembra que já viu a solidão e a falta de esperança destes olhos em crianças órfãs, com as quais já trabalhou.
Lembra de como ansiavam por atenção, e de como aqueles mesmos olhos, ainda que só por um tempo, brilhavam quando ela lhe contava um conto.
Isto sempre a fez pensar em como é fácil trazer um pouco de alegria para o coração de uma criança.
Muito fácil.
Ela gentilmente pega o saco da mão do velho e recoloca os livros nas estantes.
Quando o saco ficou vazio, já não parecia mais tão velho e sujo.
Com voz suave e terna diz ao velho “venha cá”, e deita a cabeça de cabelos muito grisalhos e cansados em seu colo.
Então sua voz ressoa na sala.

“Há muito, muito tempo, em uma terra distante...”
E não ficou nem um pouco surpresa ao ver um menino em seu colo.




Não é sempre.
Mas em algumas noites, depois de dormir ouvindo histórias, crianças de todos os lugares, encontram um menino que não conhecem, com quem brincam e se divertem muito.
E é um menino muito feliz!


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segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Alongue-se!




Este texto foi escrito há quase um ano, e postado em minha antiga morada.

O diabo é que ainda é atual!

Tá certo, que todas estas dores que sinto pelo corpo - doem os braços, doem as pernas, doem os ombros... doi até a camisa! - (tudo, conseqüência DIRETA da FALTA de alongamentos) fazem o assunto um tanto mais, digamos, vívido para mim, mas realmente acredito que posso estar causando algum bem em publicá-lo por aqui, então, lá vai!

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A(i)longue-se!


Todos estes anos de "evolução" da humanidade, com o advento da sociedade, e o ambiente cultural substituindo - de forma nem tão gradativa assim - o ambiente natural, aliviaram do bicho homem a pressão seletiva da natureza.

O ambiente controlado, onde não é necessário caçar, fugir de predadores, resistir às intempéries e mesmo colher frutos em locais de difícil acesso, retirou da espécie, mais que os pêlos e o condicionamento físico: diminuiu também a percepção física do mundo, pois se antes o homem tocava e era tocado pelo mundo com o corpo, hoje, ele usa de um "sentido" muito menos eficaz: o intelecto.

Mas a proposta aqui não é criticar a evolução humana (estaria filosofando à toa...), e sim convidar para uma pratica simples, que leva a ótimos resultados: o alongamento.

Esta atividade que pode ser feita em praticamente qualquer hora e lugar, além de bons resultados físicos, traz também a tonificação da mente.

Não há movimentos obrigatórios, sendo interessante (e divertido) criar seu próprio repertório, escolhendo os tipos de exercício e sua respectiva duração. (Lembrando é claro, que bom senso faz bem a pele...).







Uma boa pedida é trocar a posição largadona (prometo que voltaremos a ela mais tarde) que costumamos adotar para assistir televisão, por uma mais interessante, por exemplo, sentando sobre os pés, ou quem sabe, brincando de dobrar os joelhos junto ao peito, para em seguida esticar as pernas.






Não se apresse em assinar o atestado de velhice, invalidez ou obesidade, alegando falta de tempo ou local para praticar:
Uma viagem de ônibus, um sinal fechado para quem dirige, ou mesmo uma fila de banco, são um tempinho interessante de aproveitar.
O espaço é pouco? Bem, usando de criatividade, é fácil - e gostoso - descobrir movimentos que não atrapalhem as pessoas à volta.

Sem mencionar que tal pratica ajudara a recuperar um pouquinho da tal percepção física perdida.

Os movimentos, se CORRETAMENTE praticados, levam a uma dorzínha, que se associada à superação, facilmente, vira prazer.





Agora, se com a pratica você acabar descobrindo uma coisinha diferente, como uma energia quase elétrica circulando pelo corpo e estimulando não só os movimentos, mas também seu bem-estar, então procure aprender mais sobre palavras como dança, yoga, shiatsu, reiki, aikido.

É bem provável que você descubra uma nova forma de alegria, um novo caminho para se expressar.

Enfim, "gaste" este tempinho agradando seu corpo, pois é inquestionável que ele lhe retribuirá.

E se depois de alongar, você quiser voltar para a posição largadona no sofá (promessa cumprida!), então o fará sem o menor sentimento de culpa, e com certeza, com o dobro de satisfação.


(Cena do espetáculo "Alegria", do Cirque du Soleil, que chega no fim de maio à Porto Alegre)






Luz, força e alguma dorzínha, para todos!






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(Este texto NÃO foi publicado nas revistas "boa forma", "vida e saúde" e outras do gênero, entre outros motivos, porque não foi enviado para nenhuma delas!)

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Os Quadrinhos cresceram


Quando se fala em histórias em quadrinhos, muitas pessoas pensam em nomes como “Turma da Mônica", "Tio Patínhas" ou mesmo histórias de super-heróis.

Normalmente esta lembrança vem associada com histórias para crianças e adolescentes, como algo ingênuo e de pouco valor cultural.

Claro que esta é uma visão equivocada e um tanto ocidental.

Na Europa, HQ´s são lidas por adultos de várias faixas sociais, há muitos anos.
Nomes como Milo Manara, Guido Crepax, Moebius e Will Eisner (este último, criador de um dos personagens mais cultuados, o "Spirit"), são tão conhecidos e respeitados quanto nomes da literatura, como Sidney Sheldon, Dan Brown ou Robin Cook.

No Japão, HQ´s nunca foram consideradas como infantis, apesar do nome "mangá", significar algo como "desenho descompromissado". Por lá, as revistas são bem gordinhas, tendo em média, 300 páginas, e os temas vão de samurais a esportes. Há até mangás sobre golfe e baseball (que é outra paixão por lá...).

Nos metrôs de Tóquio, por exemplo, é possível ver Mangás tanto nas mãos de jovens com cabelos e roupas exóticas, quanto de executivos engravatados, e acredite, isto é absolutamente normal para eles.
Há casos de que o requinte de trabalho nas histórias é tanto, que são usados como material escolar, como são os casos de mangás que contam sobre a história do Japão feudal, sendo um dos títulos mais conhecidos Kozure Okami, ou "Lobo Solitário". Mas sobre este, vou fazer uma matéria completa no futuro, tamanha a quantidade referências.




(lobo solitario e filhote: Amor difícil de descrever)


E no ocidente?

Bem, a verdade é que a industria das HQ´s era dominada basicamente por revistas de super-heróis, como Homem-Aranha, Capitão América ou Batman, e foi no fim dos anos 90 que a industria esteve em seu ponto mais baixo, onde o nível das histórias era risível.

Foi então que um escritor inglês, chamado de Alan Moore recebeu carta branca para reformular um personagem antigo da DC comics, editora do super-homem: O monstro do pântano.

Moore escreveu histórias de nível nunca antes visto nos quadrinhos ocidentais, contando histórias de misticismo e terror sem escatologia, transformando um personagem de quinta categoria, num sucesso imediato de público e critica.

O salto de qualidade foi tão grande, que a DC buscou "colegas" de Moore lá na Inglaterra, onde surgiram nomes como Neil Gaiman, Grant Morrison e Garth Ennis.
Nascia a Vertigo, editora voltada para o público adulto, com títulos como Sandman, Homem-animal e Preacher.
Mas o grande expoente dos quadrinhos Vertigo, sem dúvida alguma é Hellblazer.




Foi em Swamp Thing #37 (Monstro do Pântano nº 1, no Brasil), que Alan Moore nos apresentou John Constantine, um "mago" muito peculiar, que não por coincidência, era a cara do Sting.
Canalha, imoral, sarcástico, canalha, ardiloso, atrevido, canalha, cínico e acima de tudo, canalha, Constantine lida com fantasmas, demônios, anjos caídos, bruxos e outras coisinhas que perambulam por aí, e nem sempre faz isto da forma mais politicamente correta.
Basta dizer que ele é aguardado ansiosamente no inferno, pois enganou o diabo em pessoa!
Isto mesmo: o coisa ruim foi ludibriado pelo inglês mais ordinário que existe, não uma, nem duas vezes, mas três!






(Constantine, cumprimentando o capeta!)






Parte desta história pode ser vista no filme Constantine, onde Keanu Reeves foi gentil o suficiente para não estragar de vez o personagem (me perdoem os fãs do cara mas, acho até que a canastríce dele, ajudou a "melhorar" a atuação, hehe!).

Fumando algo em torno de duas carteiras de cigarro por dia, Constantine descobre estar com câncer, e percebe que está realmente ferrado, pois morrer seria o que de menos pior poderia lhe acontecer.

Atualmente, a revista Hellblazer já passou das 150 edições (para ler gratuitamente, clique aquí), e é publicada há mais de dez anos.



O nível das hq´s cresceu tanto, que é comum escritores e artistas migrarem da literatura convencional para os quadrinhos e vice-versa.

Nomes como Stephen King, Brian Meltzler, Joss Whedon (criador da série Buffy, a caça-vampiros), Kevin Smith (Dogma), entre outros, escrevem quadrinhos, pois este é um formato ilimitado, não estando restrito a capacidade de produção ou orçamentos cinematográficos.

O mesmo acontece, em caminho inverso: Neil Gaiman (escritor de Stardust, um conto de fadas para adultos que recente foi transposto para o cinema, com Robert DeNiro ), teve seu romance “Os filhos de Anasy”, em primeiro lugar nas vendas por meses.


Alan Moore, Warren Ellis também lançaram livros.


Outro aspécto da mudança é o caso de Brian K. Vaungh (conhecido pelas histórias de “Ex-Machina”, sobre um herói que se aposenta e vira prefeito de NY) que atualmente escreve os roteiros de LOST.

Uma dica: procure o setor de quadrinhos em sua livraria preferida, e você vai encontrar material de grande qualidade.

Ou seja, HQ´s deixaram de ser apenas diversão para crianças.
Tornaram-se também, literatura de gente grande!

Luz e força para todos!

(Para saber mais sobre Constantine, visite Hellblazer Brasil, onde os caras fazem um ótimo trabalho sobre o assunto.

Para poder ler alguns números da linha Vertigo, visite VERTIGEM, onde você vai encontrar muitas edições dos títulos citados nesta matéria.


E lembre-se: Se gostar do material, COMPRE. O objetivo dos SCANS e apenas o de divulgação!)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Um barzínho, um violão


Recentemente busquei entre meus discos antigos, a coleção “Um barzinho, um violão”, pois estava com vontade de ouvir algo na linha “voz e violão”.

Depois descobri que praticamente não há informações sobre isto na Internet (salvo sites que anunciam para venda, claro), e me senti na obrigação de escrever algo a respeito.

No ano de 2001, o cantor, violonista e produtor Roberto Menescal, reuniu “alguns amigos” e montou o projeto “Um barzinho, um violão”, onde os músicos interpretariam sucessos da MPB em versão acústica.
A grande sacada foi colocar cada artista interpretando canções de outros músicos e não as suas.

É muito interessante ver algumas músicas receberem o estilo do artista que a interpretou, assim como é muito curioso, ver estes mesmos artistas, “fora de seu meio”, ou seja, sendo “tocados” pela canção.

Disto surgiram pérolas como Sandra de Sá cantando “Não chores mais”, Chico Cezar interpretando “Filme triste”, Chitãozinho e Xororó cantando Milton Nascimento, com “Travessia” ou mesmo Engenheiros do Hawaii interpretando Fagner, em “Revelação”, entre outras.
O resultado, foram cinco discos (os três primeiros de MPB, o quarto com canções em diversos idiomas – destaque para Alcione, a marrom, cantando “Ne me quitte pas” – e o quinto, com sucessos da Jovem Guarda) e dois DVD´s, onde é possível conferir o resultado, que na minha modesta opinião, ficou MUITO BOM!
Até as borboletas gostam!


Abaixo, coloco três vídeos pinçados do trabalho, que dão uma bela mostra do resultado, e mais baixo, alguns links, onde você pode baixar os discos (Eu amo a Internet!).

Divirtam-se!

Biquine cavadao – Sobradinho (Sá e guarabira)




Kid Abelha – Nos barracos da cidade (Gilberto Gil)




Ivete Sangalo – Me liga (Herbert Viana)





Disco 1



Disco 4 (Musicas internacionais)

Disco 5 (Jovem Guarda)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Duplo sentido

(Vivaaa! Meu primeiro vídeo por aqui, hehe!)

Um dos grupos que mais entendeu e se adaptou a estes tempos de internet, foi o "Os semi-novos".

Os caras fazem trabalhos pra lá de interessantes, como o hilário vídeo abaixo.




Além disto, fizeram um CD inteiro, e o disponibilizaram para download gratuíto em seu site, com direito a capa e tudo!

Uma bela mostra da criatividade se adaptando fluidamente aos novos meios e formatos.
Não é a toa que adoro divulgar esta galera!

Divirtam-se!

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Ciclos

O texto abaixo, foi feito como "feliz ano-novo", em resposta à um post de uma pessoa que venho descobrindo aos poucos, ter seu brilho especial.
Depois, me dei conta que na verdade, é meu desejo de "feliz ciclo novo" para todos:
Os que estão começando um trabalho, uma nova casa, um novo namoro...

Enfim, um novo período.
Agora chega de explicar, que já estou me sentindo chato e pedante!

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É absurdamente usual esquecermos disto.
Como também é absurdamente verdade!

Cada novo ciclo,
Seja um dia, um ano,
Seja situação, seja rotina,
Chegada ou estadia,
Um amor ou um adeus...

Seja qual for, traz em sí, indefectível, oportunidades:

De descobrir o especial em cada "novo";
De redescobri o especial no de sempre;
De ver o que parecia não estar alí antes.

De o "nós" mudar o resto;
De ser mudado pelo "à volta".

Cada movimento, cada passo,
Cada dança e cada tropeço...

Estão aí, todas as infinitas possibilidades,
para olhos que não estejam entediados demais para ver!

Então vamos lá:
Que este novo ciclo
(todos merecem "s")
Não seja "só mais um dia", e sim "o primeiro".

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Mobilizações inteligentes (Smart mobs)

O contexto tecnológico atual, onde em todo lugar há câmeras digitais, telefones móveis, computadores portáteis em todas suas variáveis, expandiu a idéia de informação instantânea acessível em todo mundo, o que acredito, superou – e muito - as expectativas de todos que almejaram a “comunicação global”.

De fato, não seria absurdo dizer que desenvolvemos mais um sentido: a internet.

É preciso entender que a internet não é mais “coisa de computadores”, e que não esta restrita apenas aos que tem acesso à informática (e também não custa lembrar que “informática” é a ciência de processar informações).

Claro que ainda há pessoas que não tem acesso – há mesmo, as que fogem disto – aos computadores e similares, mas dizer que mesmo estas pessoas estão isentas da influência que este novo modo de pensar exerce, seria um equívoco.

Primeiro, porque mesmo a mais leiga das pessoas, já tem em seu vocabulário, palavras como “pirataria”, “senha” ou ‘sistema”.

Segundo, porque o aumento do consumo nesta área tem reduzido consideravelmente preços, e não é nenhuma utopia de ficção científica pensar que em no máximo uma década, praticamente todas as casas terão ao menos um computador.

Vale lembrar que há meros 50, 60 anos (um período "estável” se comparado ao dos últimos 15 anos, onde houve – e há - uma progressão exponencial na velocidade do desenvolvimento tecnológico e financeiro), a televisão era um artigo futurista de luxo, mas que hoje é encontrado no mais humilde dos lares.
E com o advento da teve digital, entramos na era em que definitivamente haverá a tão esperada fusão da boa e velha tevê, (esta mesmo, a do Fantástico e das novelas), com a internet, (esta mesmo, dos tais computadores).

É preciso entender que estamos saindo da era industrial, onde nos acostumamos com o padrão “em massa”: produção em massa, consumo em massa; informação em massa... Onde a padronização e estabilidade eram fatores dominantes.
Este é um conceito muito arraigado para quem tem em média 35, 40 anos.

Mas de acordo com Érico Assis, vivemos numa daquelas “linhas que aparecem em gráficos de tempo”, ou seja, aceite: estamos vivendo em uma nova era, aonde muitos conceitos vem mudando e novos surgindo.

Estabilidade, embora ainda valorizada, não é mais a pedra angular. Na verdade, arrisco dizer que não há mais pedras angulares, que sirvam de parâmetros, e sim, uma miríade de ângulos, cada qual, atendendo a variadas expectativas.

Parece caótico? Acredite, não é.

Sempre houve muitas versões diferentes de um mesmo assunto. A diferença é que agora, todas encontraram meios de se manifestar.

E as muitas abordagens diferenciadas trouxeram à tona o que sempre existiu na humanidade, mas era negado pela postura tradicional: a Inteligência emocional, onde se valoriza mais a formação emocional e de experiências, do que propriamente o cabedal cultural.

No mesmo texto citado acima, é colocado que o pensador deste novo período é aquele que consegue absorver e processar as informações no ritmo – cada vez mais acelerado – em que elas são apresentadas.

Este é o sinônimo atual para inteligência: a capacidade de estabelecer ligações entre diversos assuntos e aspectos.

E é neste ponto que entra um dos mais interessantes conceitos que emergiram atualmente:
O das mobilizações inteligentes, ou “smart mobs”, como foram chamadas por Howard Rheingold em seu livro de mesmo título.
(Vale citar a diferença, entre “Smart mobs” e “flash mobs”, que são movimentações de grupos, organizadas pela internet, onde “tribos” (normalmente adolescentes) realizam um mega-encontro em shoppings ou outras áreas públicas, seja para promover um encontro de fãs de algum filme ou banda, seja para apenas “protestar” contra algo, ou mesmo apenas para reunir 600 pessoas que juntas, coçam a cabeça com a mão esquerda – ao mesmo tempo - em um parque público).

As mobilizações inteligentes são encontros, virtuais ou não, de pessoas com diferentes formações intelectuais que visam uma causa em comum.

Nestes encontros acontecem “brain storms” (algo como tempestades cerebrais), onde vários ângulos de uma ou mais questões são abordados por uma vasta gama de perspectivas, visando encontrar soluções, ou mesmo atividades práticas, como por exemplo, distribuição de sacolas plásticas em praias, ou distribuição de mudas de árvores em shoppings, ou mesmo a limpeza de algum parque onde 600 pessoas coçaram a cabeça com a mão esquerda e deixaram o gramado forrado de caspas!
(claro que esta última é uma brincadeira minha...).

Mas as mobilizações inteligentes podem atingir níveis muito mais complexos que apenas “campanhas” ou grupos de discussões.

O autor inglês Warren Ellis (considerado por alguns, como uma das pessoas com o “tipo de mente do século 21”), criou a série em quadrinhos – que deixaram de ser coisa de criança há muito tempo - conhecida como “Freqüência Global”, onde há uma rede com 1001 agentes (não foi dito o porque deste número) espalhados pelo planeta, e que são acionados de acordo com suas habilidades em casos de crises em que ninguém mais sabe como lidar.
Na série, são conhecidos como um grupo de resgate mundial, e não respondem a governo algum, sendo inclusive, anistiados por eles, que prestam todo auxílio logístico às missões.

Claro que há todo um contexto tecnológico - a comunicação acontece por meio de celulares ultra-modernosos e um centro de operações coordenado por uma pessoa de inteligência muito acima da média (uma alusão aos “pensadores do século”, talvez?). Isto sem dizer que o grupo era liderado por uma mulher misteriosa.
Tudo com ar de mistério, no melhor estilo James Bond ou Alias.
A serie durou doze números e foi cogitada para um seriado televisivo
(cujo piloto vazou para a internet)
e pode ser encontrada em lojas especializadas ou mesmo como “scans” na web.

No entanto, apesar do tom de ficção científica, a serie reflete uma tendência muito real, onde pessoas inteligentes realmente estão dispostas a ceder seus talentos em prol de algo que acreditam: fazer deste, um mundo melhor.

Alguns sites de relacionamento como o Orkut, tem comunidades deste estilo, que aproveitando os recursos deste, promove a associação de integrantes, e claro, a apresentação de questões e soluções para questões pessoais ou sociais, aumentando assim, a inteligência coletiva exponencialmente.

Afinal, todos querem contribuir de alguma forma para um mundo melhor.
E se for possível fazer isto usando sua inteligência emocional, bem, nada mais coerente com estes nossos tempos, não?




Luz e força para todos!

(este texto, como não poderia deixar de ser, é o resultado de impressões do autor, agregadas a trechos e opiniões de outros autores. Sugiro que pesquisem na internet, termos como “inteligência emocional”, “o conceito do plágio criativo”, “smart mobs”, e “movimentações inteligentes” e é claro, “freqüência global”, sendo esta última, o nome de uma comunidade do Orkut, interessada nos assuntos abordados neste texto).

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Como em toda mudança de casa, sempre ficam coisas para ir trazendo aos poucos.

Então, entre novos posts, vou resgatando alguns do antigo lar, aqueles que eu achar que ainda são relevantes.

Aqueles que eu gostaria de ter escrito hoje, hehe!

Eis um deles:

Aqueles que vivem a coisa de escrever sabem que é um dos trabalhos mais estranhos, com particularidades que aos olhos do resto do mundo, parecem bobagem.

Mas escrever, antes de ser até mesmo uma escolha, é um vício, na medida que a pratica (ou a falta dela) causam grandes e verdadeiros estragos na tranqüilidade de quem quer deitar alguma idéia sobre o papel (isto, hoje em dia, é figura de linguagem, é claro).

Brian Michael Bendis, um escritor que atua na área das HQ´S, foi libertador ao escrever um diálogo em uma de suas histórias, onde a personagem conta que escreve.

Quando questionada sobre o que escrevia, ela respondeu que escrevia "qualquer coisa".

Às vezes apenas uma frase, outras um diálogo.
Na maioria das vezes, cenas, pequenos atos, que talvez um dia venham a ser encaixados em algum contexto maior.


Outro texto que foi um "salva-vidas" literário para mim, e que indico de forma quase religiosa, é "O conceito do plágio criativo" (coloque assim no google que você acha!).

Ah! Quem de nós, perdidos apaixonados pelas letras, já não nos deparamos com o choque de descobrir que algo que estava pulsando em nossa mente, incomodando para sair, já existia, escrita por outro alguém?
(Muito obrigado Sr. Gabriel Perissé!)


Para terminar, quero reverenciar uma frase escrita pelo (cada vez mais interessante) velhinho - tenho a impressão que ele já nasceu velhinho - Mario Quintana:

"Um texto tem que ser reescrito muitas vezes, para parecer escrito pela primeira vez!".


Luz e força para todos!

Casa nova!

E aqui vamos nós!

Por diversas razões - basicamente questão de buscar melhores recursos - estou de casa nova.

E ao fazer o "feng shui" do novo lar, optei por trazer algumas mudanças quanto ao teor.

Se antes tinha um blog mais intimista, onde divia algumas ideias sobre o mundo, neste, também vou tentar dividir algumas coisas que considero interessantes, seja em que formato for.

Então, que venham artigos, imagens e mesmo - porque não? - os tais textos intimistas!

Espero que gostem tanto de ler, quanto eu de escrever!



Luz e força para todos!