sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Os Quadrinhos cresceram


Quando se fala em histórias em quadrinhos, muitas pessoas pensam em nomes como “Turma da Mônica", "Tio Patínhas" ou mesmo histórias de super-heróis.

Normalmente esta lembrança vem associada com histórias para crianças e adolescentes, como algo ingênuo e de pouco valor cultural.

Claro que esta é uma visão equivocada e um tanto ocidental.

Na Europa, HQ´s são lidas por adultos de várias faixas sociais, há muitos anos.
Nomes como Milo Manara, Guido Crepax, Moebius e Will Eisner (este último, criador de um dos personagens mais cultuados, o "Spirit"), são tão conhecidos e respeitados quanto nomes da literatura, como Sidney Sheldon, Dan Brown ou Robin Cook.

No Japão, HQ´s nunca foram consideradas como infantis, apesar do nome "mangá", significar algo como "desenho descompromissado". Por lá, as revistas são bem gordinhas, tendo em média, 300 páginas, e os temas vão de samurais a esportes. Há até mangás sobre golfe e baseball (que é outra paixão por lá...).

Nos metrôs de Tóquio, por exemplo, é possível ver Mangás tanto nas mãos de jovens com cabelos e roupas exóticas, quanto de executivos engravatados, e acredite, isto é absolutamente normal para eles.
Há casos de que o requinte de trabalho nas histórias é tanto, que são usados como material escolar, como são os casos de mangás que contam sobre a história do Japão feudal, sendo um dos títulos mais conhecidos Kozure Okami, ou "Lobo Solitário". Mas sobre este, vou fazer uma matéria completa no futuro, tamanha a quantidade referências.




(lobo solitario e filhote: Amor difícil de descrever)


E no ocidente?

Bem, a verdade é que a industria das HQ´s era dominada basicamente por revistas de super-heróis, como Homem-Aranha, Capitão América ou Batman, e foi no fim dos anos 90 que a industria esteve em seu ponto mais baixo, onde o nível das histórias era risível.

Foi então que um escritor inglês, chamado de Alan Moore recebeu carta branca para reformular um personagem antigo da DC comics, editora do super-homem: O monstro do pântano.

Moore escreveu histórias de nível nunca antes visto nos quadrinhos ocidentais, contando histórias de misticismo e terror sem escatologia, transformando um personagem de quinta categoria, num sucesso imediato de público e critica.

O salto de qualidade foi tão grande, que a DC buscou "colegas" de Moore lá na Inglaterra, onde surgiram nomes como Neil Gaiman, Grant Morrison e Garth Ennis.
Nascia a Vertigo, editora voltada para o público adulto, com títulos como Sandman, Homem-animal e Preacher.
Mas o grande expoente dos quadrinhos Vertigo, sem dúvida alguma é Hellblazer.




Foi em Swamp Thing #37 (Monstro do Pântano nº 1, no Brasil), que Alan Moore nos apresentou John Constantine, um "mago" muito peculiar, que não por coincidência, era a cara do Sting.
Canalha, imoral, sarcástico, canalha, ardiloso, atrevido, canalha, cínico e acima de tudo, canalha, Constantine lida com fantasmas, demônios, anjos caídos, bruxos e outras coisinhas que perambulam por aí, e nem sempre faz isto da forma mais politicamente correta.
Basta dizer que ele é aguardado ansiosamente no inferno, pois enganou o diabo em pessoa!
Isto mesmo: o coisa ruim foi ludibriado pelo inglês mais ordinário que existe, não uma, nem duas vezes, mas três!






(Constantine, cumprimentando o capeta!)






Parte desta história pode ser vista no filme Constantine, onde Keanu Reeves foi gentil o suficiente para não estragar de vez o personagem (me perdoem os fãs do cara mas, acho até que a canastríce dele, ajudou a "melhorar" a atuação, hehe!).

Fumando algo em torno de duas carteiras de cigarro por dia, Constantine descobre estar com câncer, e percebe que está realmente ferrado, pois morrer seria o que de menos pior poderia lhe acontecer.

Atualmente, a revista Hellblazer já passou das 150 edições (para ler gratuitamente, clique aquí), e é publicada há mais de dez anos.



O nível das hq´s cresceu tanto, que é comum escritores e artistas migrarem da literatura convencional para os quadrinhos e vice-versa.

Nomes como Stephen King, Brian Meltzler, Joss Whedon (criador da série Buffy, a caça-vampiros), Kevin Smith (Dogma), entre outros, escrevem quadrinhos, pois este é um formato ilimitado, não estando restrito a capacidade de produção ou orçamentos cinematográficos.

O mesmo acontece, em caminho inverso: Neil Gaiman (escritor de Stardust, um conto de fadas para adultos que recente foi transposto para o cinema, com Robert DeNiro ), teve seu romance “Os filhos de Anasy”, em primeiro lugar nas vendas por meses.


Alan Moore, Warren Ellis também lançaram livros.


Outro aspécto da mudança é o caso de Brian K. Vaungh (conhecido pelas histórias de “Ex-Machina”, sobre um herói que se aposenta e vira prefeito de NY) que atualmente escreve os roteiros de LOST.

Uma dica: procure o setor de quadrinhos em sua livraria preferida, e você vai encontrar material de grande qualidade.

Ou seja, HQ´s deixaram de ser apenas diversão para crianças.
Tornaram-se também, literatura de gente grande!

Luz e força para todos!

(Para saber mais sobre Constantine, visite Hellblazer Brasil, onde os caras fazem um ótimo trabalho sobre o assunto.

Para poder ler alguns números da linha Vertigo, visite VERTIGEM, onde você vai encontrar muitas edições dos títulos citados nesta matéria.


E lembre-se: Se gostar do material, COMPRE. O objetivo dos SCANS e apenas o de divulgação!)

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