segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Mobilizações inteligentes (Smart mobs)

O contexto tecnológico atual, onde em todo lugar há câmeras digitais, telefones móveis, computadores portáteis em todas suas variáveis, expandiu a idéia de informação instantânea acessível em todo mundo, o que acredito, superou – e muito - as expectativas de todos que almejaram a “comunicação global”.

De fato, não seria absurdo dizer que desenvolvemos mais um sentido: a internet.

É preciso entender que a internet não é mais “coisa de computadores”, e que não esta restrita apenas aos que tem acesso à informática (e também não custa lembrar que “informática” é a ciência de processar informações).

Claro que ainda há pessoas que não tem acesso – há mesmo, as que fogem disto – aos computadores e similares, mas dizer que mesmo estas pessoas estão isentas da influência que este novo modo de pensar exerce, seria um equívoco.

Primeiro, porque mesmo a mais leiga das pessoas, já tem em seu vocabulário, palavras como “pirataria”, “senha” ou ‘sistema”.

Segundo, porque o aumento do consumo nesta área tem reduzido consideravelmente preços, e não é nenhuma utopia de ficção científica pensar que em no máximo uma década, praticamente todas as casas terão ao menos um computador.

Vale lembrar que há meros 50, 60 anos (um período "estável” se comparado ao dos últimos 15 anos, onde houve – e há - uma progressão exponencial na velocidade do desenvolvimento tecnológico e financeiro), a televisão era um artigo futurista de luxo, mas que hoje é encontrado no mais humilde dos lares.
E com o advento da teve digital, entramos na era em que definitivamente haverá a tão esperada fusão da boa e velha tevê, (esta mesmo, a do Fantástico e das novelas), com a internet, (esta mesmo, dos tais computadores).

É preciso entender que estamos saindo da era industrial, onde nos acostumamos com o padrão “em massa”: produção em massa, consumo em massa; informação em massa... Onde a padronização e estabilidade eram fatores dominantes.
Este é um conceito muito arraigado para quem tem em média 35, 40 anos.

Mas de acordo com Érico Assis, vivemos numa daquelas “linhas que aparecem em gráficos de tempo”, ou seja, aceite: estamos vivendo em uma nova era, aonde muitos conceitos vem mudando e novos surgindo.

Estabilidade, embora ainda valorizada, não é mais a pedra angular. Na verdade, arrisco dizer que não há mais pedras angulares, que sirvam de parâmetros, e sim, uma miríade de ângulos, cada qual, atendendo a variadas expectativas.

Parece caótico? Acredite, não é.

Sempre houve muitas versões diferentes de um mesmo assunto. A diferença é que agora, todas encontraram meios de se manifestar.

E as muitas abordagens diferenciadas trouxeram à tona o que sempre existiu na humanidade, mas era negado pela postura tradicional: a Inteligência emocional, onde se valoriza mais a formação emocional e de experiências, do que propriamente o cabedal cultural.

No mesmo texto citado acima, é colocado que o pensador deste novo período é aquele que consegue absorver e processar as informações no ritmo – cada vez mais acelerado – em que elas são apresentadas.

Este é o sinônimo atual para inteligência: a capacidade de estabelecer ligações entre diversos assuntos e aspectos.

E é neste ponto que entra um dos mais interessantes conceitos que emergiram atualmente:
O das mobilizações inteligentes, ou “smart mobs”, como foram chamadas por Howard Rheingold em seu livro de mesmo título.
(Vale citar a diferença, entre “Smart mobs” e “flash mobs”, que são movimentações de grupos, organizadas pela internet, onde “tribos” (normalmente adolescentes) realizam um mega-encontro em shoppings ou outras áreas públicas, seja para promover um encontro de fãs de algum filme ou banda, seja para apenas “protestar” contra algo, ou mesmo apenas para reunir 600 pessoas que juntas, coçam a cabeça com a mão esquerda – ao mesmo tempo - em um parque público).

As mobilizações inteligentes são encontros, virtuais ou não, de pessoas com diferentes formações intelectuais que visam uma causa em comum.

Nestes encontros acontecem “brain storms” (algo como tempestades cerebrais), onde vários ângulos de uma ou mais questões são abordados por uma vasta gama de perspectivas, visando encontrar soluções, ou mesmo atividades práticas, como por exemplo, distribuição de sacolas plásticas em praias, ou distribuição de mudas de árvores em shoppings, ou mesmo a limpeza de algum parque onde 600 pessoas coçaram a cabeça com a mão esquerda e deixaram o gramado forrado de caspas!
(claro que esta última é uma brincadeira minha...).

Mas as mobilizações inteligentes podem atingir níveis muito mais complexos que apenas “campanhas” ou grupos de discussões.

O autor inglês Warren Ellis (considerado por alguns, como uma das pessoas com o “tipo de mente do século 21”), criou a série em quadrinhos – que deixaram de ser coisa de criança há muito tempo - conhecida como “Freqüência Global”, onde há uma rede com 1001 agentes (não foi dito o porque deste número) espalhados pelo planeta, e que são acionados de acordo com suas habilidades em casos de crises em que ninguém mais sabe como lidar.
Na série, são conhecidos como um grupo de resgate mundial, e não respondem a governo algum, sendo inclusive, anistiados por eles, que prestam todo auxílio logístico às missões.

Claro que há todo um contexto tecnológico - a comunicação acontece por meio de celulares ultra-modernosos e um centro de operações coordenado por uma pessoa de inteligência muito acima da média (uma alusão aos “pensadores do século”, talvez?). Isto sem dizer que o grupo era liderado por uma mulher misteriosa.
Tudo com ar de mistério, no melhor estilo James Bond ou Alias.
A serie durou doze números e foi cogitada para um seriado televisivo
(cujo piloto vazou para a internet)
e pode ser encontrada em lojas especializadas ou mesmo como “scans” na web.

No entanto, apesar do tom de ficção científica, a serie reflete uma tendência muito real, onde pessoas inteligentes realmente estão dispostas a ceder seus talentos em prol de algo que acreditam: fazer deste, um mundo melhor.

Alguns sites de relacionamento como o Orkut, tem comunidades deste estilo, que aproveitando os recursos deste, promove a associação de integrantes, e claro, a apresentação de questões e soluções para questões pessoais ou sociais, aumentando assim, a inteligência coletiva exponencialmente.

Afinal, todos querem contribuir de alguma forma para um mundo melhor.
E se for possível fazer isto usando sua inteligência emocional, bem, nada mais coerente com estes nossos tempos, não?




Luz e força para todos!

(este texto, como não poderia deixar de ser, é o resultado de impressões do autor, agregadas a trechos e opiniões de outros autores. Sugiro que pesquisem na internet, termos como “inteligência emocional”, “o conceito do plágio criativo”, “smart mobs”, e “movimentações inteligentes” e é claro, “freqüência global”, sendo esta última, o nome de uma comunidade do Orkut, interessada nos assuntos abordados neste texto).

Um comentário:

Anônimo disse...

Como vc disse:
"Algo bem MAIOR do que eu imaginava..."

(Tá aí, gostei!)

Abraço!