quinta-feira, 10 de abril de 2008


Devo confessar que não ando muito no espírito de escrever por aqui.

Não que as coisas estejam ruins. Na verdade, estou numa loooonga fase de transição em muitos aspectos de minha vida, que vão desde o profissional até mesmo o emotivo, o que por sí só é positivo, afinal "mudanças são sinais de vida", como diria um antigo Sensei.

Mas li algo – não sei dizer exatamente onde nem quando – que me despertou um sentimento.

Esta pessoa do livro - ou filme, que seja - havia perdido alguém recentemente, e se sentia confusa, porque em meio a tantos sentimentos e mesmo sendo algo tão recente, ela simplesmente não consegui lembrar do rosto da pessoa que partira.

Isto me fez pensar.

Como já atestou o Dr. Hanibal Lecter (do filme "O silêncio dos inocentes", para os que não são cinéfilos) “cobiçamos apenas o que vemos”, ou seja, só desejamos o que temos ciência da existência.

Então me pergunto se a distância influi de fato na medida do tanto que sentimos a falta de algo ou alguém.

Quando aquele rosto já não é tão presente ao fecharmos os olhos, quando não são todas as coisas que nos lembram deste alguém, significa que estamos finalmente deixando para trás?

E mais, se esta falta não pode ser colocada em dias, ou meses, mas na casa dos anos, bem, quão verdadeiro isto é? Digo, se esta falta não é algo tão temporário assim, pode se dizer que é um sentimento cultivado? Algo que "você não quer esquecer"?

Bem, se a ausência “ajuda” a esquecer – nem tão rápido quanto se gostaria – me pergunto que tipo de sentimento haveria se a proximidade fosse possível?
Seria lógico - além de poético - imaginar que "estando juntos", tudo estaria bem?
Talvez em um mundo perfeito.


Mas no fim das contas, isto é mais um daqueles aspectos da vida, que não tem solução ideal, tampouco de acordo com o que “se poderia esperar”.

É mais uma das tantas coisas que se perdem nas voltas do tempo.

Assim como são as histórias não-escritas deste mundo.



O que fazer?
Acho que continuar andando, observando e absorvendo o mundo ao longo do caminho.
Afinal, tudo tem seu tempo nesta vida, mesmo que isto não seja facil entender.


- Luz e força para todos.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Tunel Guoliang - China

Ando numa correria com algumas mudanças iminentes na minha pacata vidínha, mas achei um tempínho para dividir estas fotos que encontrei em outro blog, que achei surreais.

Volta e meia, me impressiono com a inventividade humana.
Pena que seja tão pouco aproveitada para coisas positivas...

Bem, estas incríveis imagens, foram feitas no túnel Guoliang, inaugurado em 1º de maio de 1977, uma estrada pavimentada que tem cerca de 1200 metros, e foi escavada na rocha, nas montanhas Taihang, no condado de Huixian, província de Henan, na China.

(Se me perdi só de escrever, imagine então como seria para CHEGAR lá...).

Para que tem instalado no computador o "Google Earth", basta ir até as coordenadas:
[35° 38' 55" N, por 113° 36' 56" E], e verá a localização do Tunel Guoliang.

Para maiores informações, procurem no Santo Google como "Guoliang".




Luz, força, e Dramamine para quem for passear por lá...

(Espero que este seja o início de minha fase “Caminhos da terra”, onde eu consiga postar matérias e fotos sobre lugares interessantes. E tomara "ao quadrado", que as fotos sejam feitas por mim, hehe!)


















terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Namaste


Gosto de pensar que nem todas as descobertas precisam ser novidades.

E hoje, como sempre, pesquisando algum outro assunto, encontrei algo que não é exatamente novidade, mas que fico feliz por ter a oportunidade de divulgar, pois acredito que com isto, posso contribuir com uma pequena gota, para fazer deste, um mundo melhor.

Descobrí que a palavra "Namaste" (pronuncia-se Namastê), em hindú, significa "O deus que há em mim, saúda o deus que há em você!".

Este cumprimento é feito juntando as mãos em forma de prece e inclinando suavemente a cabeça para a frente, num gesto de humildade e tolerância.

Uma bela maneira de reconhecer que somos parte de um todo, de algo maior. Uma forma de lembrar que uma parcela de divindade em cada um de nós, e usar isto ou não, é escolha de cada um.


Idealizando um pouco, é agradável pensar que este cumprimento não seja usado apenas entre pessoas de boas relações, mas sim, direcionado àqueles com os quais não estamos em sintonia.

Quase uma forma de dizer "Eu sei que não estamos em paz, mas lembre-se que somos parte de um todo, e talvez possamos nos harmonizar".

Talvez o esforço para evocar esta consciencia, seja um passo para tentar entender as razões que motivam a outra pessoa, e que talvez nos pareçam incompreensíveis, mas que devem fazer sentido para ela.

Eu sei que é uma ideia difícil, mas felizmente, somos livres para desejar um mundo melhor!




Como sempre, meu desejo de Luz e força para todos nós, e...

- Namaste!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

O lado negro da força

Encontrei este texto enquanto procurava material sobre determinado assunto.
Infelizmente, constava como “autor anônimo” e assim, não posso dar referência.

Editei boa parte dele, extraindo algumas coisas e acrescentando outras, para que melhor representasse o que eu gostaria de dizer (as notas explicativas são minhas, assim como as opiniões contidas nelas).
Acredito que o autor, assim como eu, não pretende desestimular a pratica de alguma arte marcial (até porque, sou um entusiasta destas artes, se bem trabalhadas), e embora o tom possa parecer um tanto sombrio, o que tentei passar, é a idéia de que poder precisa estar relacionado com responsabilidade.

Virão outros textos, onde terei oportunidade de mostrar o grande lado positivo do assunto, mas achei justo e interessante, mostrar o este aspecto “nem tão belo”, dando assim, equilíbrio, que é pedra fundamental sobre este modo de pensar.



Luz e força para todos!

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Por que os Katás com espadas terminam em morte?

Não tem muito tempo eu estava ensinando Iaido[i] numa escola do segundo grau. Após uma hora de aula, um estudante me perguntou por que todos os katás (seqüência de movimentos que visam o desenvolvimento pratico, na maioria das artes marciais) terminam com um golpe de fatal.

Essa foi uma boa pergunta, uma pergunta que acredito, todo estudante de artes marciais deve fazer, pois a resposta de cada um irá dizer sobre onde ele está em seu treinamento, ou mesmo em seu desenvolvimento pessoal.

Miyamoto Musashi[ii] deve ser um bom ponto de partida. No início de sua vida, o país estava em guerra e ele viu as artes marciais de uma forma muito prática, e usou suas habilidades para vencer muitos duelos, vários deles terminando com seus oponentes caindo mortos no chão.
Por volta dos 30 anos ele parece ter parado de duelar (ou pelo menos parado de matar seus oponentes durante os duelos) e começou a pensar em outras utilidades para as artes marciais além de matar pessoas.
A sua conclusão foi que as artes marciais eram capazes de tornar as pessoas iluminadas. Talvez ele estivesse certo.

Talvez ele tenha se tornado adulto, afinal nós ficamos inevitavelmente céticos, menos idealistas e mais cientes de nossa mortalidade conforme envelhecemos.

Talvez seja tudo o que acontece quando “ficamos iluminados” pelas artes marciais, ou meditação, yoga ou qualquer outra coisa que diga tornar as pessoas melhores.
As artes marciais tradicionais são claramente para tornar as pessoas melhores, ao contrário de fazer delas, assassinos melhores.
Eu digo artes tradicionais por fazer a distinção entre o treino militarizado[iii] e as artes marciais. Entre aprender como matar para se tornar melhor na matança, ou aprender a matar para não matar, e enquanto escrevo isso me ocorre que a diferença não é absoluta.

Ambos os esquemas deixam claro que o estudante apenas matará em razão da circunstância, ou quando a situação pedir, mas enquanto um esquema de treino objetivaria fazer o ato de matar mais real, mas desejado, o outro objetivaria fazer o treino menos propenso a isso.

Se as artes marciais são para criar oposição a lutar e matar, então porque esse foco em matar no katá com espada?

Eu tinha dito ao estudante que cada vez que ele fizesse chiburi - tirar o sangue da espada depois do corte final - ele deveria imaginar sangue, ossos e músculos saindo da espada e caindo no chão. Eu disse isso, pois acredito não ser plausível sacudir a espada sem entender a real intenção para isso. Aparentemente ele entendeu. Outro estudante perguntou se havia algum katá de defesa pessoal no iaido. Isso me surpreendeu, porque muitos estudantes treinam durante anos, e mesmo alguns, treinam nos níveis mais avançados do koryu antes de começar a suspeitar que nem tudo no iaido é sobre defesa pessoal.

Na verdade, minha resposta foi dada em várias partes.

Primeiro eu usei a desculpa padrão e disse que nem todos katás terminam em morte. Por exemplo, no Jodo[iv] existem vários katás que terminam com o bastão simplesmente apontado para o oponente e com ele recuando. Isso poderia ser uma finalização formal na no estudo, mas na realidade seria um corpo morto no chão.
Mas alguns dos katás não necessariamente possuem golpes fatais (a menos que você conte um pulso quebrado e um golpe no plexo solar como mortal).

Mas mesmo que um katá terminasse em morte, no caso da espada, a questão ainda seria legítima.
O katá com espada quase invariavelmente termina com a morte de alguém, pois é difícil imaginar alguém usando a katana como uma ferramenta de controle.
Isso seria parecido com utilizar uma pistola policial como se fosse um bastão yawara (bastão pequeno para imobilização). Se você saca a espada, ou a arma (revolver, pistola), já deu um longo passo em direção de tirar uma vida.

A realidade da espada é que ela é feita para matar.

Essa é a realidade: elas são peças de metal longas e afiadas que não tem nenhum outro propósito a não ser ferir e matar, pois são desenhadas para isto.
É um fato que as espadas parecem legais nos vídeo games e nos filmes, onde se vê muitas espadas sacudindo, o que as faz parecer gloriosas.

Muitos estudantes vêm para as artes marciais procurando aprender como usar estas espadas “legais”, “fantasiosas” é por isso que eu digo para os garotos imaginarem sangue e ossos na espada enquanto eles as limpam[v].

Claro que as espadas nos filmes parecem legais, mas nos filmes as pessoas saem andando com “carnes voando”, elas absorvem mais de 25 socos indefensáveis na cabeça e continuam em pé, recebem várias balas no corpo e continuam bem. Nos filmes elas sobrevivem a lutas com espadas.

Nos filmes, pois na realidade, as pessoas não sobrevivem a este tipo de combate.

Katás com espada terminam em morte porque nos temos que lembrar o que as espadas fazem.
Quando você esquece isso, você esquece da razão de usar uma espada.

A segunda razão para os Katás com espada terminarem em morte é exatamente a mesma razão que os policiais, ou qualquer outra pessoa, treinam o uso das armas de fogo para acertar o centro do alvo: A arma é desenhada para matar, não para conter ou debilitar.

O aspecto da contenção destas armas vem antes que elas sejam sacadas. Elas nunca devem estar em mãos se você não tem a intenção de matar seu oponente.

Algumas pessoas dizem que sacar a arma, ou a espada, é uma boa forma de intimidação e que com isso você não tem a necessidade de usá-las. Sacar sem ter intenção de matar não é algo muito pratico ou inteligente.
Pode ter um final feliz se a outra pessoa correr, mas se isto não acontecer, é melhor que a pessoa que saca a arma, tenha a intenção de matar ou poderá terminar morto.

Não se podem usar armas de qualquer tipo com técnicas fantasiosas ou para parecer “legal”. NÃO HÁ nada de “legal” em matar, não importando o quanto possa parecer nos filmes.

Mas então por que estudar artes marciais afinal?

Se não estamos “nas ruas” ou prestes a sermos atacados em nossas pacificas vizinhanças, para que precisamos aprender que matar não é romântico?

Sob este aspecto[vi], precisamos disto, porque nestes tempos de relativa paz (se comparado há tempos mais violentos, claro), esquecemos do que realmente significa tirar uma vida, e se o cinema e outras formas de entretenimento fazem isto parecer “legal”, bem, a realidade mostra que não é.

Então se você pratica alguma arte marcial, seja com uso de espadas, bastões, ou qualquer tipo de arma, ou técnica letal, lembre-se, que este tipo de treinamento visa evitar violência, e não causá-la.

Que acima de tudo, a violência real, pouco tem haver com a violência estética, e quando você ferir ou for ferido por alguém, realmente não será divertido.




Sim, espadas são objetos lindos, e em muitas culturas, significativos de valor, mas não podemos esquecer que em primeira instancia, elas são feitas para tirar vidas!


Domo arigato!





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[i] Iaido é a arte marcial japonesa do desembainhar da espada. Os katás (séries de movimentos) são divididos em quatro partes básicas: o desembainhar (nukitsuke), o corte (kirioroshi, por exemplo), a limpeza do sangue na lâmina (chiburi) e o reembainhar (noto).
Não se deve confundir Iaido com Kendo ou Kenjutsu.
(fonte: Wikipédia)

[ii] Samurai lendário, considerado por alguns, como o maior de todos, o que eu particularmente discordo. Em minha opinião, Musashi era uma vergonha para a classe samurai, uma vez que usava de técnicas duvidosas, como mentir, ludibriar e trapacear! Curiosamente, no fim de sua vida, escreveu “o livro dos cinco anéis”, uma espécie de redenção moral sobre sua vida.


[iii] Acredito que aqui, o autor do texto queira fazer uma distinção entre as praticas que visam o desenvolvimento físico e mental de cada um, com as técnicas militares, que obviamente, são treinadas com fins de combate. É preciso lembrar que marcial, remete a militar, mas hoje em dia tal expressão vinculada ao nome da arte em si, quer exaltar a questão da disciplina – coisa que militar adora!

[iv] Jô (bastão) do (caminho), é a técnica que emprega o uso de um bastão de madeira. É curioso observar que no aikido, o Jô é usado com real objetivo de desabilitar e imobilizar, uma vez que, ao contrario do que seria fácil pensar, não é usado para atacar o oponente.

[v] Apesar de um tanto escatológico, acredito que aqui, o autor quis dizer que é preciso lembrar que a pessoa ferida era um ser humano, e não um boneco sem vida.

[vi] Eu, particularmente, vejo várias outras razões para praticar alguma arte marcial, mas acredito que a resposta do autor seja NESTE contexto.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

O momento de uma vida




Há alguns dias venho preparando não uma, mas duas postagens que de certa forma, se relacionam.
No entanto, em nenhuma das duas consegui acertar o tom que eu quero.
Então, “de volta à prancheta!”.

Mas como em todas as coisas interessantes desta vida, às vezes, um caminho nos leva a lugares inesperados, e este foi o caso aqui:

No processo de escrever os outros dois artigos, encontrei um terceiro, e neste sim, acho que acertei o tom:

Peço desculpas antecipadamente, se em algum ponto parecer confuso, mas a relação que estabeleço está muito mais no campo do “sentir”, que do “descrever”.

Gosto muito da filosofia oriental, em especial, do BUSHIDO, como é conhecido o modo de vida dos Samurais.
Não vou me estender muito sobre este assunto por agora, mas gostaria de falar um pouco sobre um dos aspectos disto.

Uma das muitas artes praticadas pelos Samurais era o Kyudo, uma espécie de técnica de arco e flechas.

Muito mais que “mirar e acertar”, o Kyudo envolvia todo um trabalho físico e mental, e que refletia diretamente em sua vivência diária, onde o Samurai trabalhava às vezes sua vida inteira, na busca de uma postura correta, tanto no que diz respeito ao manejo do arco, como também de seu espírito.
Na verdade, este processo de refinamento pessoal, transparece em muitos aspectos da vida destes “guerreiros”, então não é exagero dizer que muitas vezes um disparo poderia significar a culminância de toda uma vida.





O arqueiro que acreditasse estar pronto empunhava seu arco em pé ou em seiza (“sentado”) com o corpo e a mente ereta, e neste momento, sua concentração e "kokyu-ho" (técnica de respiração) o colocava no estado de zanshin, onde corpo, mente, arco, flecha e alvo, se tornavam unos.

O disparo começava no momento em que a madeira do arco nascia planta e terminava com o espírito da flecha sendo removido do alvo.

Para os eventuais espectadores, um disparo poderia levar de alguns minutos a horas.
Para o arqueiro, levava o tempo exato de uma vida.

No momento em que soltava a corda do arco, e a flecha "voltava" com a velocidade do pensamento em direção ao alvo, os mais atentos diziam poder ouvir o acorde divino, pois uma flecha disparada em estado de zanchin, sempre acertava o alvo.

É preciso entender que zanchin é muito mais que um “estado de alerta”, de uma técnica marcial.


É antes disto, uma clareza de visão, um estagio de consciência.

É uma ligação com o todo.





Neste momento, vejo uma ligação aparentemente estranha, entre o disparo de uma flecha, e um sentimento.

Estabeleço esta relação, porque mesmo em nossas vidas “agitadas”, temos momentos em que sentimentos e situações nos colocam neste estado.


Em nossa formação ocidental, temos a necessidade de classificar todas as coisas, como se este processo definisse a realidade.
Categorizando, nomeando, comparando, tornamos o mundo a nossa volta, conhecido. Fazemos dele, nossa realidade.

Mas há um momento especial, quando entre duas pessoas, surge um silêncio tranqüilo, e nada precisa ser dito.

Este silêncio está além do som, além das palavras.
Quando surge, todas as coisas do universo encontram seu lugar e função, e dois viram um.
E este um, “está” no mundo.

Assim como o disparo da flecha, que para os que observam de fora dura talvez minutos ou horas, este momento tem o tempo exato de uma vida para aqueles que o vivem.

Os olhos vêem mais do que se pode classificar, quando os dedos “libertam” a corda, e a flecha faz seu vôo de uma vida.

E neste momento, os que podem, ouvem:


“Te amo!”






Luz e força para todos.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Contadores de histórias

Há alguns anos, me foi encomendada uma história para ser lida no "A hora do conto", que é uma atividade realizada em algumas escolas e creches, onde são feitas leituras de pequenos contos para crianças, visando despertar nestas, o interesse pela leitura e pelo encanto.

Mas percebí que preferia falar sobre o efeito mágico que a símples atenção dedicada aos pequenínos trazia.

Apaixonado pela metalinguagem - onde conto e contador se misturam - ví esta pequena fábula praticamente se escrever sozinha!

Espero que ao ler, você se sinta tão feliz quanto eu fiquei ao escrever.

- Luz, força e encanto para todos!

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“Com mais um passo ele estava em um vale cheio de folhagens e podia ouvir o borbulhar da água correndo e cantando em um pequeno riacho.
Ele ouviu algo sob o borbulhar do riacho: parecia alguém soluçando e engolindo. O som de alguém que estava tentando não chorar.
– Olá? ele disse
O soluço parou, como se assim se escondesse. Mas Tristan tinha certeza que estava vendo uma luz sob a aveleira. Por isto, foi andando em sua direção.” ...


Ela aproveita a pausa para olhar o menino.
O garoto tem a respiração profunda. Adormecera tranqüilo.
Ela sorri e fecha o livro.
Algumas vezes, ela lê a história até o final, mesmo que o menino tenha adormecido, pelo simples prazer de contar.
Mas não hoje.
O moleque brincou em ritmo frenético o dia inteiro, e o conjunto formado pelos pulos, corridas, escorregões, gritos, sorrisos e perguntas incessantes o haviam deixado cansado, e a ela, exausta!
Seu coração se aquece ao olhar para o menino que significa tudo para ela.
Então lhe dá um beijo sussurrando com voz morna de mãe “que os anjos guardem teu sono!”, e silenciosamente sai do quarto, se perguntando se o menino estaria correndo pelo bosque da história.

Não estava.

Em seu sonho, o menino brincava em uma tarde muito brilhante e ensolarada, quando ouve a corneta do vendedor de doces e sorvetes.
O carrinho é colorido, e o garoto descobre que tem todos, todos, todos, os sabores que ele tanto gosta!
Então o vendedor, com um sinal lhe oferece um doce, e o garoto procura a mãe com o olhar.
Quando a encontra, vê que ela lhe acena que sim, pode pegar todos os doces que quiser.
O menino então corre para o carrinho. Porém quando chega, o vendedor se afasta um pouco, levando o carro consigo.
O menino tenta alcança-lo, mas o vendedor se afasta novamente. E assim se mantém fugindo do garoto.
“Tio, porque o senhor está correndo de mim? Eu só quero um doce...”
“Não” - diz o vendedor.
“Mas porque?” - indaga novamente o menino com a voz triste.
“Porque se eu não tenho, ninguém terá” – diz o vendedor, agora um velho.


E em sua cama, o menino se agita em um sono difícil.

..........

- Durma bem! - ela diz
Beija a testa da menina, apaga a luz e fecha a porta do quarto.
A menina pensa na história que acabara de ouvir, e se imagina como a princesa dos cabelos “vermelhos como fogo” que vive nos castelo.
E apesar de não saber exatamente o que seja namorar, imagina que seja - pela forma como dizem os adultos - muito bom!
Ela se pergunta se um diria verá um príncipe moreno e forte, com voz grave e gestos firmes que sua mãe descreveu (embora não tenha entendido o que ela quis dizer com “do tipo que não vai embora logo de manhã cedo”).
Então seus pensamentos se misturam, seus olhos ficam pesados e ela adormece.

Em seu sonho, vê seus amiguinhos da escolinha, e os convida para brincar.
Mas um a um, sacodem a cabeça e vão embora.
“Esperem! Não vão embora! Vamos brincar...”
“Ninguém vai brincar com você” – diz um menino atrás dela.
“Porque?” Ela pergunta, virando-se para ele.
“Porque se eu não tenho amigos, ninguém terá” diz o menino, agora um velho.

Em sua cama, a menina não se agita, mas um olhar mais atento perceberia sua expressão contrariada.


..........



Todos os dias após o almoço, ela reúne os pequeninos da escolinha, para lhes contar uma historinha, antes do ‘sonínho da tarde”.
A administração da escola chama de “a hora do conto”, mas para esta moça, é muito mais que uma atividade curricular.
Esta é na verdade, a hora do dia que ela mais gosta, pois é quando pode ver o brilho naqueles olhinhos atentos.
O momento em que se sente realizada, porque sabe que as crianças realmente gostam dela. Não por sua beleza, ou por algo que possa dar, e sim porque por alguns minutos, ela os leva a lugares mágicos, com criaturas fantásticas e heróis incríveis.

Pacientemente, ela coloca todos sentadinhos em seus colchonetes espalhados pelo chão.
Respira fundo, para atrair sua atenção e começa mais uma história:

“Era uma vez...”

E enquanto conta a história, seu olhar percorre a sala, feliz pelo encanto que percebe nas crianças.
“E vocês sabem o que aconteceu?” Ela pergunta bem baixinho.
Todas as cabecinhas acenam que não, algumas de boca aberta, presas pelo suspense.
“Eu vou contar! Mas preciso que todos deitem e fechem os olhos” – e sussurra – “ Porque é segredo!”
E todos deitam e fecham os olhos.
Ela então fala sobre fadas e duendes, reinos encantados e príncipes valentes. Sobre castelos e princesas, promessas e desejos. E uma a uma, as crianças adormecem.
E conta sua história até o fim, pois acredita que alguns, mesmo dormindo, continuam ouvindo.
E ao terminar, talvez contagiada pelo sono dos pequenos, deita em um colchonete e adormece.

Abre os olhos e vê todos ainda dormindo. Então de alguma forma, percebe que também está dormindo. E que está sonhando.
No sonho vê alguém, talvez um velho, com uma espécie de casaco escuro, retirando os livros coloridos das estantes, e os colocando em um saco de pano, muito velho e sujo.
Ela caminha devagar até ele, tentando não acordar as crianças, e bem baixinho, lhe pergunta:
“O que está fazendo?”
Agora definitivamente um velho, ele vira surpreso, quase assustado, para ela, e a observa por um segundo.
Então recomeça a guardar os livros no saco realmente muito velho e sujo.
“Eu perguntei o que está fazendo!” ela diz em tom firme, porém suave.
O velho se detém por um instante, então retoma sua tarefa, apenas murmurando:
“Nada”
“Para onde está levando os livros?”
“Embora”
“Mas são os livros de historias das crianças!” – ela diz.
“Então não haverão mais histórias” e acrescenta: “Bom”
Ela tenta organizar um pensamento, sentindo-se boba por tentar argumentar em um sonho. Por fim diz:
“As histórias não estão apenas nos livros. Mas porque você quer os levar embora?”
Pouco dando atenção para a moça, o velho responde:
“Porque se eu não tenho histórias, então ninguém terá”
O velho é pequeno e parece fraco. Ela poderia impedi-lo, usando de força, se preciso, mas sente que este não é o caminho certo. Além do que, ele lhe parece triste e sozinho.
Por fim, pergunta:
“E porque você não tem?”
O velho não responde.
“Fale!” Ela diz com firmeza.
O velho parece se assustar com a firmeza da voz dela, e de forma quase inaudível, diz:
“Porque ninguém as conta para mim”.
Seu olhar é triste e vazio, e ela percebe que conhece este olhar. Lembra que já viu a solidão e a falta de esperança destes olhos em crianças órfãs, com as quais já trabalhou.
Lembra de como ansiavam por atenção, e de como aqueles mesmos olhos, ainda que só por um tempo, brilhavam quando ela lhe contava um conto.
Isto sempre a fez pensar em como é fácil trazer um pouco de alegria para o coração de uma criança.
Muito fácil.
Ela gentilmente pega o saco da mão do velho e recoloca os livros nas estantes.
Quando o saco ficou vazio, já não parecia mais tão velho e sujo.
Com voz suave e terna diz ao velho “venha cá”, e deita a cabeça de cabelos muito grisalhos e cansados em seu colo.
Então sua voz ressoa na sala.

“Há muito, muito tempo, em uma terra distante...”
E não ficou nem um pouco surpresa ao ver um menino em seu colo.




Não é sempre.
Mas em algumas noites, depois de dormir ouvindo histórias, crianças de todos os lugares, encontram um menino que não conhecem, com quem brincam e se divertem muito.
E é um menino muito feliz!


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segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Alongue-se!




Este texto foi escrito há quase um ano, e postado em minha antiga morada.

O diabo é que ainda é atual!

Tá certo, que todas estas dores que sinto pelo corpo - doem os braços, doem as pernas, doem os ombros... doi até a camisa! - (tudo, conseqüência DIRETA da FALTA de alongamentos) fazem o assunto um tanto mais, digamos, vívido para mim, mas realmente acredito que posso estar causando algum bem em publicá-lo por aqui, então, lá vai!

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A(i)longue-se!


Todos estes anos de "evolução" da humanidade, com o advento da sociedade, e o ambiente cultural substituindo - de forma nem tão gradativa assim - o ambiente natural, aliviaram do bicho homem a pressão seletiva da natureza.

O ambiente controlado, onde não é necessário caçar, fugir de predadores, resistir às intempéries e mesmo colher frutos em locais de difícil acesso, retirou da espécie, mais que os pêlos e o condicionamento físico: diminuiu também a percepção física do mundo, pois se antes o homem tocava e era tocado pelo mundo com o corpo, hoje, ele usa de um "sentido" muito menos eficaz: o intelecto.

Mas a proposta aqui não é criticar a evolução humana (estaria filosofando à toa...), e sim convidar para uma pratica simples, que leva a ótimos resultados: o alongamento.

Esta atividade que pode ser feita em praticamente qualquer hora e lugar, além de bons resultados físicos, traz também a tonificação da mente.

Não há movimentos obrigatórios, sendo interessante (e divertido) criar seu próprio repertório, escolhendo os tipos de exercício e sua respectiva duração. (Lembrando é claro, que bom senso faz bem a pele...).







Uma boa pedida é trocar a posição largadona (prometo que voltaremos a ela mais tarde) que costumamos adotar para assistir televisão, por uma mais interessante, por exemplo, sentando sobre os pés, ou quem sabe, brincando de dobrar os joelhos junto ao peito, para em seguida esticar as pernas.






Não se apresse em assinar o atestado de velhice, invalidez ou obesidade, alegando falta de tempo ou local para praticar:
Uma viagem de ônibus, um sinal fechado para quem dirige, ou mesmo uma fila de banco, são um tempinho interessante de aproveitar.
O espaço é pouco? Bem, usando de criatividade, é fácil - e gostoso - descobrir movimentos que não atrapalhem as pessoas à volta.

Sem mencionar que tal pratica ajudara a recuperar um pouquinho da tal percepção física perdida.

Os movimentos, se CORRETAMENTE praticados, levam a uma dorzínha, que se associada à superação, facilmente, vira prazer.





Agora, se com a pratica você acabar descobrindo uma coisinha diferente, como uma energia quase elétrica circulando pelo corpo e estimulando não só os movimentos, mas também seu bem-estar, então procure aprender mais sobre palavras como dança, yoga, shiatsu, reiki, aikido.

É bem provável que você descubra uma nova forma de alegria, um novo caminho para se expressar.

Enfim, "gaste" este tempinho agradando seu corpo, pois é inquestionável que ele lhe retribuirá.

E se depois de alongar, você quiser voltar para a posição largadona no sofá (promessa cumprida!), então o fará sem o menor sentimento de culpa, e com certeza, com o dobro de satisfação.


(Cena do espetáculo "Alegria", do Cirque du Soleil, que chega no fim de maio à Porto Alegre)






Luz, força e alguma dorzínha, para todos!






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(Este texto NÃO foi publicado nas revistas "boa forma", "vida e saúde" e outras do gênero, entre outros motivos, porque não foi enviado para nenhuma delas!)

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Os Quadrinhos cresceram


Quando se fala em histórias em quadrinhos, muitas pessoas pensam em nomes como “Turma da Mônica", "Tio Patínhas" ou mesmo histórias de super-heróis.

Normalmente esta lembrança vem associada com histórias para crianças e adolescentes, como algo ingênuo e de pouco valor cultural.

Claro que esta é uma visão equivocada e um tanto ocidental.

Na Europa, HQ´s são lidas por adultos de várias faixas sociais, há muitos anos.
Nomes como Milo Manara, Guido Crepax, Moebius e Will Eisner (este último, criador de um dos personagens mais cultuados, o "Spirit"), são tão conhecidos e respeitados quanto nomes da literatura, como Sidney Sheldon, Dan Brown ou Robin Cook.

No Japão, HQ´s nunca foram consideradas como infantis, apesar do nome "mangá", significar algo como "desenho descompromissado". Por lá, as revistas são bem gordinhas, tendo em média, 300 páginas, e os temas vão de samurais a esportes. Há até mangás sobre golfe e baseball (que é outra paixão por lá...).

Nos metrôs de Tóquio, por exemplo, é possível ver Mangás tanto nas mãos de jovens com cabelos e roupas exóticas, quanto de executivos engravatados, e acredite, isto é absolutamente normal para eles.
Há casos de que o requinte de trabalho nas histórias é tanto, que são usados como material escolar, como são os casos de mangás que contam sobre a história do Japão feudal, sendo um dos títulos mais conhecidos Kozure Okami, ou "Lobo Solitário". Mas sobre este, vou fazer uma matéria completa no futuro, tamanha a quantidade referências.




(lobo solitario e filhote: Amor difícil de descrever)


E no ocidente?

Bem, a verdade é que a industria das HQ´s era dominada basicamente por revistas de super-heróis, como Homem-Aranha, Capitão América ou Batman, e foi no fim dos anos 90 que a industria esteve em seu ponto mais baixo, onde o nível das histórias era risível.

Foi então que um escritor inglês, chamado de Alan Moore recebeu carta branca para reformular um personagem antigo da DC comics, editora do super-homem: O monstro do pântano.

Moore escreveu histórias de nível nunca antes visto nos quadrinhos ocidentais, contando histórias de misticismo e terror sem escatologia, transformando um personagem de quinta categoria, num sucesso imediato de público e critica.

O salto de qualidade foi tão grande, que a DC buscou "colegas" de Moore lá na Inglaterra, onde surgiram nomes como Neil Gaiman, Grant Morrison e Garth Ennis.
Nascia a Vertigo, editora voltada para o público adulto, com títulos como Sandman, Homem-animal e Preacher.
Mas o grande expoente dos quadrinhos Vertigo, sem dúvida alguma é Hellblazer.




Foi em Swamp Thing #37 (Monstro do Pântano nº 1, no Brasil), que Alan Moore nos apresentou John Constantine, um "mago" muito peculiar, que não por coincidência, era a cara do Sting.
Canalha, imoral, sarcástico, canalha, ardiloso, atrevido, canalha, cínico e acima de tudo, canalha, Constantine lida com fantasmas, demônios, anjos caídos, bruxos e outras coisinhas que perambulam por aí, e nem sempre faz isto da forma mais politicamente correta.
Basta dizer que ele é aguardado ansiosamente no inferno, pois enganou o diabo em pessoa!
Isto mesmo: o coisa ruim foi ludibriado pelo inglês mais ordinário que existe, não uma, nem duas vezes, mas três!






(Constantine, cumprimentando o capeta!)






Parte desta história pode ser vista no filme Constantine, onde Keanu Reeves foi gentil o suficiente para não estragar de vez o personagem (me perdoem os fãs do cara mas, acho até que a canastríce dele, ajudou a "melhorar" a atuação, hehe!).

Fumando algo em torno de duas carteiras de cigarro por dia, Constantine descobre estar com câncer, e percebe que está realmente ferrado, pois morrer seria o que de menos pior poderia lhe acontecer.

Atualmente, a revista Hellblazer já passou das 150 edições (para ler gratuitamente, clique aquí), e é publicada há mais de dez anos.



O nível das hq´s cresceu tanto, que é comum escritores e artistas migrarem da literatura convencional para os quadrinhos e vice-versa.

Nomes como Stephen King, Brian Meltzler, Joss Whedon (criador da série Buffy, a caça-vampiros), Kevin Smith (Dogma), entre outros, escrevem quadrinhos, pois este é um formato ilimitado, não estando restrito a capacidade de produção ou orçamentos cinematográficos.

O mesmo acontece, em caminho inverso: Neil Gaiman (escritor de Stardust, um conto de fadas para adultos que recente foi transposto para o cinema, com Robert DeNiro ), teve seu romance “Os filhos de Anasy”, em primeiro lugar nas vendas por meses.


Alan Moore, Warren Ellis também lançaram livros.


Outro aspécto da mudança é o caso de Brian K. Vaungh (conhecido pelas histórias de “Ex-Machina”, sobre um herói que se aposenta e vira prefeito de NY) que atualmente escreve os roteiros de LOST.

Uma dica: procure o setor de quadrinhos em sua livraria preferida, e você vai encontrar material de grande qualidade.

Ou seja, HQ´s deixaram de ser apenas diversão para crianças.
Tornaram-se também, literatura de gente grande!

Luz e força para todos!

(Para saber mais sobre Constantine, visite Hellblazer Brasil, onde os caras fazem um ótimo trabalho sobre o assunto.

Para poder ler alguns números da linha Vertigo, visite VERTIGEM, onde você vai encontrar muitas edições dos títulos citados nesta matéria.


E lembre-se: Se gostar do material, COMPRE. O objetivo dos SCANS e apenas o de divulgação!)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Um barzínho, um violão


Recentemente busquei entre meus discos antigos, a coleção “Um barzinho, um violão”, pois estava com vontade de ouvir algo na linha “voz e violão”.

Depois descobri que praticamente não há informações sobre isto na Internet (salvo sites que anunciam para venda, claro), e me senti na obrigação de escrever algo a respeito.

No ano de 2001, o cantor, violonista e produtor Roberto Menescal, reuniu “alguns amigos” e montou o projeto “Um barzinho, um violão”, onde os músicos interpretariam sucessos da MPB em versão acústica.
A grande sacada foi colocar cada artista interpretando canções de outros músicos e não as suas.

É muito interessante ver algumas músicas receberem o estilo do artista que a interpretou, assim como é muito curioso, ver estes mesmos artistas, “fora de seu meio”, ou seja, sendo “tocados” pela canção.

Disto surgiram pérolas como Sandra de Sá cantando “Não chores mais”, Chico Cezar interpretando “Filme triste”, Chitãozinho e Xororó cantando Milton Nascimento, com “Travessia” ou mesmo Engenheiros do Hawaii interpretando Fagner, em “Revelação”, entre outras.
O resultado, foram cinco discos (os três primeiros de MPB, o quarto com canções em diversos idiomas – destaque para Alcione, a marrom, cantando “Ne me quitte pas” – e o quinto, com sucessos da Jovem Guarda) e dois DVD´s, onde é possível conferir o resultado, que na minha modesta opinião, ficou MUITO BOM!
Até as borboletas gostam!


Abaixo, coloco três vídeos pinçados do trabalho, que dão uma bela mostra do resultado, e mais baixo, alguns links, onde você pode baixar os discos (Eu amo a Internet!).

Divirtam-se!

Biquine cavadao – Sobradinho (Sá e guarabira)




Kid Abelha – Nos barracos da cidade (Gilberto Gil)




Ivete Sangalo – Me liga (Herbert Viana)





Disco 1



Disco 4 (Musicas internacionais)

Disco 5 (Jovem Guarda)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Duplo sentido

(Vivaaa! Meu primeiro vídeo por aqui, hehe!)

Um dos grupos que mais entendeu e se adaptou a estes tempos de internet, foi o "Os semi-novos".

Os caras fazem trabalhos pra lá de interessantes, como o hilário vídeo abaixo.




Além disto, fizeram um CD inteiro, e o disponibilizaram para download gratuíto em seu site, com direito a capa e tudo!

Uma bela mostra da criatividade se adaptando fluidamente aos novos meios e formatos.
Não é a toa que adoro divulgar esta galera!

Divirtam-se!

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Ciclos

O texto abaixo, foi feito como "feliz ano-novo", em resposta à um post de uma pessoa que venho descobrindo aos poucos, ter seu brilho especial.
Depois, me dei conta que na verdade, é meu desejo de "feliz ciclo novo" para todos:
Os que estão começando um trabalho, uma nova casa, um novo namoro...

Enfim, um novo período.
Agora chega de explicar, que já estou me sentindo chato e pedante!

_________________________________________


É absurdamente usual esquecermos disto.
Como também é absurdamente verdade!

Cada novo ciclo,
Seja um dia, um ano,
Seja situação, seja rotina,
Chegada ou estadia,
Um amor ou um adeus...

Seja qual for, traz em sí, indefectível, oportunidades:

De descobrir o especial em cada "novo";
De redescobri o especial no de sempre;
De ver o que parecia não estar alí antes.

De o "nós" mudar o resto;
De ser mudado pelo "à volta".

Cada movimento, cada passo,
Cada dança e cada tropeço...

Estão aí, todas as infinitas possibilidades,
para olhos que não estejam entediados demais para ver!

Então vamos lá:
Que este novo ciclo
(todos merecem "s")
Não seja "só mais um dia", e sim "o primeiro".

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Mobilizações inteligentes (Smart mobs)

O contexto tecnológico atual, onde em todo lugar há câmeras digitais, telefones móveis, computadores portáteis em todas suas variáveis, expandiu a idéia de informação instantânea acessível em todo mundo, o que acredito, superou – e muito - as expectativas de todos que almejaram a “comunicação global”.

De fato, não seria absurdo dizer que desenvolvemos mais um sentido: a internet.

É preciso entender que a internet não é mais “coisa de computadores”, e que não esta restrita apenas aos que tem acesso à informática (e também não custa lembrar que “informática” é a ciência de processar informações).

Claro que ainda há pessoas que não tem acesso – há mesmo, as que fogem disto – aos computadores e similares, mas dizer que mesmo estas pessoas estão isentas da influência que este novo modo de pensar exerce, seria um equívoco.

Primeiro, porque mesmo a mais leiga das pessoas, já tem em seu vocabulário, palavras como “pirataria”, “senha” ou ‘sistema”.

Segundo, porque o aumento do consumo nesta área tem reduzido consideravelmente preços, e não é nenhuma utopia de ficção científica pensar que em no máximo uma década, praticamente todas as casas terão ao menos um computador.

Vale lembrar que há meros 50, 60 anos (um período "estável” se comparado ao dos últimos 15 anos, onde houve – e há - uma progressão exponencial na velocidade do desenvolvimento tecnológico e financeiro), a televisão era um artigo futurista de luxo, mas que hoje é encontrado no mais humilde dos lares.
E com o advento da teve digital, entramos na era em que definitivamente haverá a tão esperada fusão da boa e velha tevê, (esta mesmo, a do Fantástico e das novelas), com a internet, (esta mesmo, dos tais computadores).

É preciso entender que estamos saindo da era industrial, onde nos acostumamos com o padrão “em massa”: produção em massa, consumo em massa; informação em massa... Onde a padronização e estabilidade eram fatores dominantes.
Este é um conceito muito arraigado para quem tem em média 35, 40 anos.

Mas de acordo com Érico Assis, vivemos numa daquelas “linhas que aparecem em gráficos de tempo”, ou seja, aceite: estamos vivendo em uma nova era, aonde muitos conceitos vem mudando e novos surgindo.

Estabilidade, embora ainda valorizada, não é mais a pedra angular. Na verdade, arrisco dizer que não há mais pedras angulares, que sirvam de parâmetros, e sim, uma miríade de ângulos, cada qual, atendendo a variadas expectativas.

Parece caótico? Acredite, não é.

Sempre houve muitas versões diferentes de um mesmo assunto. A diferença é que agora, todas encontraram meios de se manifestar.

E as muitas abordagens diferenciadas trouxeram à tona o que sempre existiu na humanidade, mas era negado pela postura tradicional: a Inteligência emocional, onde se valoriza mais a formação emocional e de experiências, do que propriamente o cabedal cultural.

No mesmo texto citado acima, é colocado que o pensador deste novo período é aquele que consegue absorver e processar as informações no ritmo – cada vez mais acelerado – em que elas são apresentadas.

Este é o sinônimo atual para inteligência: a capacidade de estabelecer ligações entre diversos assuntos e aspectos.

E é neste ponto que entra um dos mais interessantes conceitos que emergiram atualmente:
O das mobilizações inteligentes, ou “smart mobs”, como foram chamadas por Howard Rheingold em seu livro de mesmo título.
(Vale citar a diferença, entre “Smart mobs” e “flash mobs”, que são movimentações de grupos, organizadas pela internet, onde “tribos” (normalmente adolescentes) realizam um mega-encontro em shoppings ou outras áreas públicas, seja para promover um encontro de fãs de algum filme ou banda, seja para apenas “protestar” contra algo, ou mesmo apenas para reunir 600 pessoas que juntas, coçam a cabeça com a mão esquerda – ao mesmo tempo - em um parque público).

As mobilizações inteligentes são encontros, virtuais ou não, de pessoas com diferentes formações intelectuais que visam uma causa em comum.

Nestes encontros acontecem “brain storms” (algo como tempestades cerebrais), onde vários ângulos de uma ou mais questões são abordados por uma vasta gama de perspectivas, visando encontrar soluções, ou mesmo atividades práticas, como por exemplo, distribuição de sacolas plásticas em praias, ou distribuição de mudas de árvores em shoppings, ou mesmo a limpeza de algum parque onde 600 pessoas coçaram a cabeça com a mão esquerda e deixaram o gramado forrado de caspas!
(claro que esta última é uma brincadeira minha...).

Mas as mobilizações inteligentes podem atingir níveis muito mais complexos que apenas “campanhas” ou grupos de discussões.

O autor inglês Warren Ellis (considerado por alguns, como uma das pessoas com o “tipo de mente do século 21”), criou a série em quadrinhos – que deixaram de ser coisa de criança há muito tempo - conhecida como “Freqüência Global”, onde há uma rede com 1001 agentes (não foi dito o porque deste número) espalhados pelo planeta, e que são acionados de acordo com suas habilidades em casos de crises em que ninguém mais sabe como lidar.
Na série, são conhecidos como um grupo de resgate mundial, e não respondem a governo algum, sendo inclusive, anistiados por eles, que prestam todo auxílio logístico às missões.

Claro que há todo um contexto tecnológico - a comunicação acontece por meio de celulares ultra-modernosos e um centro de operações coordenado por uma pessoa de inteligência muito acima da média (uma alusão aos “pensadores do século”, talvez?). Isto sem dizer que o grupo era liderado por uma mulher misteriosa.
Tudo com ar de mistério, no melhor estilo James Bond ou Alias.
A serie durou doze números e foi cogitada para um seriado televisivo
(cujo piloto vazou para a internet)
e pode ser encontrada em lojas especializadas ou mesmo como “scans” na web.

No entanto, apesar do tom de ficção científica, a serie reflete uma tendência muito real, onde pessoas inteligentes realmente estão dispostas a ceder seus talentos em prol de algo que acreditam: fazer deste, um mundo melhor.

Alguns sites de relacionamento como o Orkut, tem comunidades deste estilo, que aproveitando os recursos deste, promove a associação de integrantes, e claro, a apresentação de questões e soluções para questões pessoais ou sociais, aumentando assim, a inteligência coletiva exponencialmente.

Afinal, todos querem contribuir de alguma forma para um mundo melhor.
E se for possível fazer isto usando sua inteligência emocional, bem, nada mais coerente com estes nossos tempos, não?




Luz e força para todos!

(este texto, como não poderia deixar de ser, é o resultado de impressões do autor, agregadas a trechos e opiniões de outros autores. Sugiro que pesquisem na internet, termos como “inteligência emocional”, “o conceito do plágio criativo”, “smart mobs”, e “movimentações inteligentes” e é claro, “freqüência global”, sendo esta última, o nome de uma comunidade do Orkut, interessada nos assuntos abordados neste texto).

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Como em toda mudança de casa, sempre ficam coisas para ir trazendo aos poucos.

Então, entre novos posts, vou resgatando alguns do antigo lar, aqueles que eu achar que ainda são relevantes.

Aqueles que eu gostaria de ter escrito hoje, hehe!

Eis um deles:

Aqueles que vivem a coisa de escrever sabem que é um dos trabalhos mais estranhos, com particularidades que aos olhos do resto do mundo, parecem bobagem.

Mas escrever, antes de ser até mesmo uma escolha, é um vício, na medida que a pratica (ou a falta dela) causam grandes e verdadeiros estragos na tranqüilidade de quem quer deitar alguma idéia sobre o papel (isto, hoje em dia, é figura de linguagem, é claro).

Brian Michael Bendis, um escritor que atua na área das HQ´S, foi libertador ao escrever um diálogo em uma de suas histórias, onde a personagem conta que escreve.

Quando questionada sobre o que escrevia, ela respondeu que escrevia "qualquer coisa".

Às vezes apenas uma frase, outras um diálogo.
Na maioria das vezes, cenas, pequenos atos, que talvez um dia venham a ser encaixados em algum contexto maior.


Outro texto que foi um "salva-vidas" literário para mim, e que indico de forma quase religiosa, é "O conceito do plágio criativo" (coloque assim no google que você acha!).

Ah! Quem de nós, perdidos apaixonados pelas letras, já não nos deparamos com o choque de descobrir que algo que estava pulsando em nossa mente, incomodando para sair, já existia, escrita por outro alguém?
(Muito obrigado Sr. Gabriel Perissé!)


Para terminar, quero reverenciar uma frase escrita pelo (cada vez mais interessante) velhinho - tenho a impressão que ele já nasceu velhinho - Mario Quintana:

"Um texto tem que ser reescrito muitas vezes, para parecer escrito pela primeira vez!".


Luz e força para todos!

Casa nova!

E aqui vamos nós!

Por diversas razões - basicamente questão de buscar melhores recursos - estou de casa nova.

E ao fazer o "feng shui" do novo lar, optei por trazer algumas mudanças quanto ao teor.

Se antes tinha um blog mais intimista, onde divia algumas ideias sobre o mundo, neste, também vou tentar dividir algumas coisas que considero interessantes, seja em que formato for.

Então, que venham artigos, imagens e mesmo - porque não? - os tais textos intimistas!

Espero que gostem tanto de ler, quanto eu de escrever!



Luz e força para todos!